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29 de mai. de 2017

Entrevista com SWAMI SATYA MA: sou absolutamente fiel ao que sinto

Por biapicchia | 12/12/2016 | Entrevistas

Swami Satya Ma é uma mulher dinâmica, viva, yang “acho que fui homem em várias vidas” que, depois de trabalhar 25 anos em preservação ambiental e na Biodança, numa viagem à Índia conheceu Swami Nardanand e a conexão foi imediata: fiquei lá pela alegria de estar perto do Swami Nardanand… O que é que fisgou nele? A simplicidade. Ele tem simplicidade no pensar, simplicidade emocional, simplicidade de vida. Eu sempre o vi sempre feliz, em qualquer lugar. Eu lembro que eu chorava muito na minha barraca. Por quê? Porque eu estava percebendo o quanto eu era simples! E alegria mesmo é simplicidade.
E não sossegou até traze-lo para o Brasil, deixar tudo mais de lado e iniciar-se ela mesma como Swami na tradição Shaktipat pois nos conduzindo da treva para a luz, nós somos o nosso próprio guru. Para quem comenta que isso foi uma grande mudança de caminho ela responde: Como é que eu posso mudar de caminho? É sempre “o meu caminho”. Não tem outro! Eu posso dizer que eu mudei de vagão de trem. Aí, sim! Eu estava no vagão cor de rosa e agora eu estou no vagão laranja, sei lá! . Hoje ela acompanha Swami Nardanand por todo Brasil e no estabelecimento do Ashran em Natal, fiel a seu lema: sou absolutamente fiel ao que sinto. Eu nunca temi.
Para saber mais acesse http://siddhamahayogadobrasil.blogspot.com.br/ ou sua página no facebook. A entrevista com Swami Nardanand foi postada aqui semana passada.

NASCIDA EM LUGAR ERRADO OU EM ÉPOCA ERRADA?

Lembro que quando andava de bicicleta na cidade para trabalhar, nesse trajeto ia pensando que ou tinha nascido em lugar errado ou em época errada porque eu me percebia um pouco diferente de todo mundo, sabe? Eu pensava: Como é que numa família de seis irmãos dos mesmos pais eu sou tão diferente?
Eu nasci no Sertão do Rio Grande do Norte, depois morei em Natal, e como mulher e nordestina sempre lutei muito pela minha liberdade. De um jeito quando era jovem, mas conforme fui amadurecendo meu conceito de liberdade também foi amadurecendo. E finalmente hoje compreendo o que é liberdade. Não tem nada a ver com aqueles conceitos que eu tinha de antigamente. A liberdade é a iluminação, quer dizer, é você ficar livre de todas as suas impurezas. É você viver nesse mundo sem ser afetado por ele.
Isso, hoje, eu compreendo como a verdadeira liberdade. Fora disso, fazer o que se quer não é liberdade! Porque se você faz o que quer mas é afetado por um olhar, por uma situação de trânsito, por uma situação de fila, por isso ou por aquilo, cadê a sua liberdade? Fazer o que se quer é uma consequência da liberdade, porque tem que fazer o que quer com responsabilidade também.
Para mim a verdadeira liberdade é você colocar a sua consciência no outro mundo, nesse mundo interno que o Swami Nardanand fala o tempo todo. É a liberdade de todas as impurezas. E o que são essas impurezas? É tudo que você aciona diante de coisas que te causam mal-estar. Você pode até controlar a sua expressão, mas você sente, você “reaciona”, é afetado por tudo que nem marionete, né? E não é nem no comportamento, é no sentimento.

DO PLANEJAMENTO URBANO E PRESERVAÇÂO AMBIENTAL PARA A BIODANÇA

Em Natal, desde os 14 anos trabalhei para me manter. Formei-me em Engenharia Civil e fui trabalhar em planejamento urbano. Um dia eu saquei que ao invés de estar cuidando de conservar, proteger e preservar o ambiente, eu tinha que trabalhar é com o ser humano, porque era o ser humano que preservava ou destruía o meio ambiente, entendeu? Então, com vinte e poucos anos mudei meu foco e conheci a Biodança. Como ela me transformou muito, eu tive interesse de fazer a profissionalização para entender melhor aquilo que estava me transformando tanto.
Então eu fazia trabalhos paralelos: o de planejamento urbano e preservação e conservação ambiental, que era o que me garantia a sobrevivência com uma certa tranquilidade, mas a minha paixão mesmo era cuidar do ser humano. Trabalhei mais de 25 anos com Biodança em paralelo com isso. Eu sempre foquei muito o meu desenvolvimento com a Biodança. Foi o que me sensibilizou, foi o que me fez resgatar o “ser gente” outra vez.

SEMPRE ATENDI A MINHA INTUIÇÃO, MAS COM RESPONSABILIDADE E DISCERNIMENTO

Há 18 anos vim pra São Paulo, quando estava perto dos trinta e oito, 39 anos. Como vim? Ah, essas coisas acontecem…. Eu falo que avião passa na minha frente, baixa a escada, eu entro!  E sou muito fiel ao que eu sinto. Eu nunca temi. Mas sempre com responsabilidade! Não é porque eu sentia de fazer tal coisa que ia largar o meu emprego e ser irresponsável, não! Eu sempre atendi a minha intuição, mas com responsabilidade, com discernimento. Não era fantasia, era ouvir mesmo a sua alma, sabe? Nisso eu fui bem treinada, porque é dessa forma que a gente trabalha com Biodança. Então eu falo que eu tenho um bom treino nisso, em me escutar.
Eu vim para cá e fiquei trabalhando com Biodança, mas muito pouco. Sempre nessa inquietude, né? E conheci, digamos, a Índia entre aspas, aqui em São Paulo. Até que fui para a Índia mesmo. A última vez que eu fiz Biodança foi em outubro de 2008, em novembro viajei para a Índia e nunca mais voltei pra Biodança.

NA INDIA PERCEBI QUE ME SENTI EM CASA COMO NO NORDESTE

Fui de novo em janeiro de 2009 e passei um mês lá. Quando cheguei na Índia percebi que me senti em casa – muito em casa! Não aqui em São Paulo, mas lá na minha região, sabe? Muito em casa como no Nordeste! Agora, foi uma coisa interessante, porque antes eu nunca tive essa ligação com a Índia, as únicas coisas que eu gostava de lá eram as roupas.
Hoje eu vou para Índia por causa do Swami Nardanand.  Eu falo para ele que se em algum momento ele não estiver mais na Índia eu não me vejo indo para lá. Então eu acho que fui lá para fazer meu sadhana, né? Mas na primeira vez, quando eu cheguei lá pensei: “Um mês é muito pouco. A próxima vez que eu vier aqui eu vou ficar a temporada inteira. ” Fui em janeiro, depois em novembro de novo e aí conheci o Swami Nardanand em Rishikesh.

O PRIMEIRO GURU É A MÃE

A primeira vez fui com um grupo brasileiro, insegura por causa do idioma, mas da outra já fui com autoconfiança. Pensei: “Agora eu quero ficar com os indianos, não quero mais ficar com brasileiros porque eu quero conhecer as entranhas da Índia. ” E queria conhecer o feminino indiano, sabe? Porque eu era muito rebelde, entendia toda a relação da minha mãe com o pai como submissão, mas hoje acho que não tem nada a ver com submissão, é outra coisa. Queria conhecer aquela, entre aspas, submissão que vejo nas mulheres indianas, precisava entender isso. Fui viajar com um amigo indiano e o motorista do carro, indiano também. Então, eram dois homens e eu. Quer dizer, para esses dois homens eu não existia! Lidar com isso foi muito duro.
Mas tive a minha experiência e entendi que a Índia é o país da devoção, realmente. Tem gente que diz: “Esse povo aqui não trabalha, não? Só faz rezar? ” Do mesmo jeito que o brasileiro só pensa em outras coisas, eles só pensam em devotar-se a Deus. O primeiro guru deles é a mãe, tanto dos meninos como das meninas. Então a mulher é uma coisa sagrada. Foi tudo o oposto do que eu achava, porque agora eu via a sacralização disso.

O SISTEMA BIODANÇA ME SALVOU A VIDA E O SISTEMA SHAKTIPAT ME SALVOU A EXISTÊNCIA

Antes de viajar eu tinha conhecido Swami Nardanand, que me convidou para ir ao Ashran dele, que fica no meio da Índia. Aí eu viajei e quando o encontrei de novo, meu outro mestre, o Rolando Toro (criador da Biodança), tinha desencarnado fazia três meses. Então toda a minha energia que estava focada na consciência humana pela Biodança continuou na consciência humana, mas agora com o sistema Shaktipat.
E as pessoas perguntam: “Ah, você mudou de caminho? ” Eu digo: “Não, eu não posso mudar de caminho. O caminho é meu! Como é que eu posso mudar de caminho? É sempre “o meu caminho”. Não tem outro! Eu posso dizer que eu mudei de vagão de trem. Aí, sim! Eu estou no vagão cor de rosa e agora eu estou no vagão laranja, sei lá! Não são as coisas que você tem que é um caminho. Eu falo que o Rolando Toro, com o sistema Biodança, me salvou a vida. E o Swami Nardanand, com o sistema Shaktipat, me salvou a existência! Porque eu percebo coisas diferentes nessas duas expressões. A existência é eterna, e quando encarna passa a ser vida.

FIQUEI LÁ PELA ALEGRIA DE ESTAR PERTO DO SWAMI NARDANAND

Recebi a iniciação Shaktipat na Khumba Mela (festival religioso) de Haridwar, em março de 2010. Swami Nardanand estava acampado lá, e quando eu voltei daquela viagem, falei: “quero ficar aqui, ver o que é. Eu vou passar duas noites” – e fiquei dez dias. Daí voltei para o meu hotel em Rishikesh, deixei as minhas coisas lá, paguei até o fim da temporada, e voltei foi de vez! Depois desse acampamento eu fui para o Ashram de Swami Nardanand. No Ashram só tinha eu de ocidental. Fiquei seis meses; adiei minha passagem de volta e fiquei lá até o último dia do visto. O visto venceu 30 de junho, dia 30 de junho eu estava embarcando de volta.

SIMPLICIDADE E A LÓGICA DO SENTIR

Aventura? Eu não sei se eu considero isso como aventura. Não tem nome para isso! Volto a falar, o avião passa, baixa a escada, abre a porta, ou você sobe ou não sobe. Fiquei lá pela alegria de estar perto do Swami Nardanand. O que me atraiu foi ele, nada mais!
As pessoas me perguntavam: “Mas por que, ele é um iluminado? ” Respondo que não sei, não me interessa saber, e nem é isso o importante para mim. O que importa é o que eu sinto na presença dele. O que é que fisgou? Por que ele me fisgou? A simplicidade. Ele tem simplicidade no pensar, ele tem simplicidade emocional, tem simplicidade de vida. Eu sempre o vi sempre feliz, em qualquer lugar. Eu lembro que eu chorava muito na minha barraca. Por quê? Porque eu estava percebendo o quanto eu era simples! E alegria mesmo é simplicidade.
Swami Nardanand tem a lógica do sentir. Tanto que quando pergunto para ele; “Como é que você quer que eu faça tal coisa? ” Ele responde: “Como você sentir. ” Ele não diz: “Como você pensar. Como você achar. ” É “Como você sentir. ” Por exemplo: “Onde eu ponho essa barraca? Eu armo onde? ” “Onde você sentir. ” Percebe? Não tem tanto pensamento. É feeling. Acho que em inglês a palavra feeling é mais profunda do que sentir, né?

SANTA IGNORÂNCIA

Quando voltei para o Brasil já estava definido que ele ia vir para cá em dois meses. Então, quando cheguei fui estudar no site para poder fazer a promoção do evento com ele, porque até então eu nunca tinha lido nada sobre isso. Eu fazia perguntas para uma amiga que conheci lá, que hoje é diretora cultural da Siddha Maha Yoga do Brasil, e ela dizia: “Santa ignorância! Santa Ignorância! ” Eu não sabia nada! Quando fui estudar o site dele, eu disse: “Jesus Cristo! Deus realmente protege os bêbados e os inocentes! ”
Mas eu não tinha nenhuma necessidade de saber mais do que eu estava experimentando, entendeu? Porque se eu tivesse tido essa informação…. Eu não sei porque não dá para dizer, mas talvez eu não tivesse bancado o compromisso, a responsabilidade, sabe? Porque ia ficar pesado para mim. Como eu só soube aqui e o negócio já estava rolando, falei: “Bom, realmente Deus protege os santos e inocentes.

MATURIDADE DA CONSCIÊNCIA

Eu senti despertar em mim muitas coisas novas, e até hoje sinto. Faz sete anos! Esse é um processo de evolução impressionante a respeito de mim mesma, do meu mundo interno, de quem sou eu de verdade. E na hora que percebo quem sou eu de verdade, muita ficha cai. E você vê o mundo diferente, obviamente. Você vê as pessoas de um jeito diferente, as relações ficam diferentes. Então é amadurecimento. Não tem outra palavra.
Com seis meses uma criança gosta de uns brinquedos, com dois anos ela já gosta de outros, com dez ela já gosta de outros, adolescente já gosta de outros, o jovem de outros, e na minha idade o interesse é em outras coisas. E assim é a nossa alma. É uma questão de maturidade – mas não é maturidade do corpo, é maturidade da consciência.

SÓ UM GURU RECONHECE OUTRO GURU

Eu sinto fisicamente essa Shakti. Faço meditação diariamente, faz sete anos. Tem dias que faço mais horas, tem dias que eu faço menos. Estou em todos os retiros no Brasil, vou para o Ashram da Índia e em Natal a gente medita muito mais.
E não dependo nem do guru para meditar. O que é que acontece no processo? A gente vai descobrindo o nosso próprio guru. Você já ouviu a frase “Só um santo reconhece outro? ” Ou então “Só um louco reconhece outro? ” Pois “Só um guru reconhece outro. ” O que é um guru? ” Um guru é levar da treva a luz. O que significa gu-ru? É isso: dar a treva a luz. Na hora que a gente vai nos conduzindo da treva a luz, nós somos o nosso guru. Shaktipat dá autonomia, liberdade, independência e força. Porque quanto mais você é autônomo, independente e livre, mais forte você é. Depois disso, você pode ajudar o vizinho, o irmão, o pai, a mãe, o filho, a filha. Mas primeiro a gente tem que sair das trevas para a luz, senão isso não é verdadeiro. Como vai ajudar alguém, se você não conseguiu se ajudar?

ANIVERSARIO COM ALMOÇO PARA 400 SANTOS

Swami Nardanand diz que eu tenho muito bom carma porque eu o encontrei cedo. Eu comemorei os meus 50 anos lá em Haridwar, quando recebi Shaktipat. E ele deu uma festa com 400 sadhus (renunciantes religiosos) para mim. Quatrocentos santos! Eu nunca vivi um dia de aniversário como aquele na minha vida. O nível de vibração era altíssimo! 
Por que ele acha que 50 anos foi cedo? Porque a filosofia vedanta divide a vida em quatro etapas: de 0 a 25, de 25 a 50, 50 a 75, 75 a 100. De 0 a 25 você está aprendendo, é a época da educação, faculdade, etc. Dos 25 aos 50 você vai construir a sua vida familiar, profissional. Dos 50 aos 75, você introverte a consciência. Você começa a olhar para si, e dos 75 você abre mão de tudo e se rende ao maior. Entendi então porque foi cedo e realmente acho que tenho mesmo um bom carma. Tenho uma família que não me cobra nada, ao contrário, não só aceitam como me apoiam, me dão suporte. Todos receberam Shaktipat. Todos que quiseram, né? A oportunidade foi dada a todos.

SE FOR PENSAR NAS DIFICULDADES, EU NÃO SAIO DO CANTO

A vida me proporcionou coisas maravilhosas, sabe? Também muita dureza e lágrima de sangue, como se diz. Sempre como mulher. Mas acho que minha maior tarefa nessa vida era vim num corpo feminino e descobrir a minha origem divina num corpo feminino. Porque eu acho que eu vim (em outras encarnações) muitas vezes como homens – tanto que eu tenho uma força muito yang, muito de ação, muito determinante. Acho que eu fui até bandeirante! Eu sou pioneira, tenho vários exemplos de pioneirismo. Eu levei a Biodança para Natal, construí a Biodança lá, inaugurei espaços de Biodança no mundo inteiro. As pessoas falam: “E você não colhe o fruto? ” Eu digo: “Pois não é interessante? Eu nunca colho os frutos. ”
Enfim, brincadeira, né? Mas acho que tenho essa energia desses desbravadores, e sinto a potência para fazer isso, a maior disposição. As dificuldades são outras. Mas se for pensar nas dificuldades que a gente tem, como na construção do Ashram em Natal, eu não saio do canto. E não penso; vai acontecendo, eu vou seguindo. Respondendo à intuição, dizendo sim para a intuição. Prefiro me arrepender do que eu fiz do que o que eu não fiz, sabe? Mas sempre fiz tudo com muita consciência. Paguei caro! Até hoje eu falo que para estar com o Swami Nardanand eu pago muito caro! Eu pago qualquer preço, na verdade, para estar com ele!

ASHRAM EM NATAL

Em 2010 eu trouxe o Swami Nardanand para conhecer o Brasil, sentir as pessoas, etc. Ele ficou três meses e fez uma série de tratamentos dentários, porque nunca tinha ido ao dentista, é um homem caverneiro… E daí saímos pelo Brasil todo – norte, sul, leste e oeste – para ele conhecer de Foz do Iguaçu ao rio Amazonas. Fizemos workshops de Ayurveda e de meditação ao nascer do sol, mas não teve Shaktipat porque ele não quis. Em 2011 ele veio para dar Shaktipat no Brasil todo. Aí a gente já estava com um programa.  Mas no começo fui eu e Deus, né? Sozinha. Fui organizando todos os anos essa vinda dele para cá, e ia para a Índia também.
Como tinha uma reserva financeira, comprei 10 hectares de terreno a 13quilômetros de Natal e doei para a sede de nossa organização. Já está construído em parte. É um projeto para a vida toda, uma coisa muito grande. O domo, que é a cúpula de meditação, é o único que está 100% pronto, porque a gente priorizou isso para as pessoas poderem dar continuidade no grupo de Natal. Tem dormitórios para quatro pessoas cada, com banheiro próprio. Uma cozinha está sendo feita e o refeitório fica num outro prédio. E plantamos mais de 500 mudas.
Dá para ficar hospedada em Natal e ir lá. Há uma comunidadezinha chamada Pium que fica a três, quatro quilômetros e tem pousadas. Mas quem vai também pode ficar no Ashram, já tem gente que se hospeda lá nos retiros.

IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS

Com esse sistema, depois do Swami Nardanand, o que mais mudou em mim foi meu interesse em ir para dentro. Ou o outro lado da moeda: o desinteresse pelo que está fora. Porque essa é a nossa meta: Deus criou a gente para sermos plenos como Ele! Como é que diz a Bíblia? Imagem e semelhança de Deus.
Não é ser igual no olho, nariz, cabelo como as religiões mostram. É ser um oceano. Uma gota do oceano não é o próprio oceano? A onda não é o oceano? A onda pensa que ela é separada do oceano? A nossa individualidade é a onda, que se quebra e morre. Pensa que morre. Então o que se transforma, que na verdade nem morre, é esse corpo, que vai tendo o ciclo dele. O que é o corpo? É energia. Você chega no átomo e por trás está a energia. Essa energia é que é a unidade, a totalidade que é Deus.

SAKTI, SUA NATUREZA DIVINA ORIGINAL, NÃO VAI SOSSEGAR ATÉ VOCÊ SE ILUMINAR.

Olha, eu vou dar um exemplo.  Onde o Ganges nasce a água é pura e cristalina. Passando pelas cidades esse líquido vai sendo poluído, mas não a água do rio, que continua sendo H2O. O resto é o que contém as impurezas das cidades e das indústrias. Nós somos assim. Na origem somos água pura e cristalina que nem o Ganges, não H2O mas divindade, energia divina pura e cristalina. Ou seja, nossa natureza original. Aí vamos crescendo, aprendendo a viver nesse mundo, vamos absorvendo e tendo samskaras (informações) e junto com elas vem as impurezas do medo, da ganância, do apego, do ódio, da raiva, ciúme, inveja.

A informação que a gente pode chamar dos bons samskaras é preciosa, serve para a evolução, e as más samskaras são as que impedem a evolução. Se a gente não se ilumina nessa vida é porque não nos dedicamos como devemos, a começar pelo coração se abrindo e se entregando. Mas na próxima encarnação a gente nasce num lugar mais favorável para isso porque Sakti, a natureza divina original, esse H2O lá da origem, não vai sossegar até a pessoa se iluminar.