Por biapicchia | 12/12/2016 | Entrevistas
Swami Satya Ma é uma mulher dinâmica, viva, yang “acho que
fui homem em várias vidas” que, depois de trabalhar 25 anos em preservação
ambiental e na Biodança, numa viagem à Índia conheceu Swami Nardanand e a
conexão foi imediata: fiquei lá pela alegria de estar perto do Swami Nardanand…
O que é que fisgou nele? A simplicidade. Ele tem simplicidade no pensar,
simplicidade emocional, simplicidade de vida. Eu sempre o vi sempre feliz, em
qualquer lugar. Eu lembro que eu chorava muito na minha barraca. Por quê?
Porque eu estava percebendo o quanto eu era simples! E alegria mesmo é
simplicidade.
E não sossegou até traze-lo para o Brasil, deixar tudo mais
de lado e iniciar-se ela mesma como Swami na tradição Shaktipat pois nos
conduzindo da treva para a luz, nós somos o nosso próprio guru. Para quem
comenta que isso foi uma grande mudança de caminho ela responde: Como é que eu
posso mudar de caminho? É sempre “o meu caminho”. Não tem outro! Eu posso dizer
que eu mudei de vagão de trem. Aí, sim! Eu estava no vagão cor de rosa e agora
eu estou no vagão laranja, sei lá! . Hoje ela acompanha Swami Nardanand por
todo Brasil e no estabelecimento do Ashran em Natal, fiel a seu lema: sou
absolutamente fiel ao que sinto. Eu nunca temi.
Para saber mais acesse
http://siddhamahayogadobrasil.blogspot.com.br/ ou sua página no facebook. A
entrevista com Swami Nardanand foi postada aqui semana passada.
NASCIDA EM LUGAR ERRADO OU EM ÉPOCA ERRADA?
Lembro que quando andava de bicicleta na cidade para
trabalhar, nesse trajeto ia pensando que ou tinha nascido em lugar errado ou em
época errada porque eu me percebia um pouco diferente de todo mundo, sabe? Eu
pensava: Como é que numa família de seis irmãos dos mesmos pais eu sou tão
diferente?
Eu nasci no Sertão do Rio Grande do Norte, depois morei em
Natal, e como mulher e nordestina sempre lutei muito pela minha liberdade. De
um jeito quando era jovem, mas conforme fui amadurecendo meu conceito de
liberdade também foi amadurecendo. E finalmente hoje compreendo o que é
liberdade. Não tem nada a ver com aqueles conceitos que eu tinha de
antigamente. A liberdade é a iluminação, quer dizer, é você ficar livre de
todas as suas impurezas. É você viver nesse mundo sem ser afetado por ele.
Isso, hoje, eu compreendo como a verdadeira liberdade. Fora
disso, fazer o que se quer não é liberdade! Porque se você faz o que quer mas é
afetado por um olhar, por uma situação de trânsito, por uma situação de fila,
por isso ou por aquilo, cadê a sua liberdade? Fazer o que se quer é uma
consequência da liberdade, porque tem que fazer o que quer com responsabilidade
também.
Para mim a verdadeira liberdade é você colocar a sua
consciência no outro mundo, nesse mundo interno que o Swami Nardanand fala o
tempo todo. É a liberdade de todas as impurezas. E o que são essas impurezas? É
tudo que você aciona diante de coisas que te causam mal-estar. Você pode até
controlar a sua expressão, mas você sente, você “reaciona”, é afetado por tudo
que nem marionete, né? E não é nem no comportamento, é no sentimento.
DO PLANEJAMENTO URBANO E PRESERVAÇÂO AMBIENTAL PARA A
BIODANÇA
Em Natal, desde os 14 anos trabalhei para me manter. Formei-me em Engenharia Civil e fui trabalhar em planejamento urbano. Um dia eu saquei que ao invés de estar cuidando de conservar, proteger e preservar o ambiente, eu tinha que trabalhar é com o ser humano, porque era o ser humano que preservava ou destruía o meio ambiente, entendeu? Então, com vinte e poucos anos mudei meu foco e conheci a Biodança. Como ela me transformou muito, eu tive interesse de fazer a profissionalização para entender melhor aquilo que estava me transformando tanto.
Em Natal, desde os 14 anos trabalhei para me manter. Formei-me em Engenharia Civil e fui trabalhar em planejamento urbano. Um dia eu saquei que ao invés de estar cuidando de conservar, proteger e preservar o ambiente, eu tinha que trabalhar é com o ser humano, porque era o ser humano que preservava ou destruía o meio ambiente, entendeu? Então, com vinte e poucos anos mudei meu foco e conheci a Biodança. Como ela me transformou muito, eu tive interesse de fazer a profissionalização para entender melhor aquilo que estava me transformando tanto.
Então eu fazia trabalhos paralelos: o de planejamento urbano
e preservação e conservação ambiental, que era o que me garantia a
sobrevivência com uma certa tranquilidade, mas a minha paixão mesmo era cuidar
do ser humano. Trabalhei mais de 25 anos com Biodança em paralelo com isso. Eu
sempre foquei muito o meu desenvolvimento com a Biodança. Foi o que me
sensibilizou, foi o que me fez resgatar o “ser gente” outra vez.
SEMPRE ATENDI A MINHA INTUIÇÃO, MAS COM RESPONSABILIDADE E
DISCERNIMENTO
Há 18 anos vim pra São Paulo, quando estava perto dos trinta
e oito, 39 anos. Como vim? Ah, essas coisas acontecem…. Eu falo que avião passa
na minha frente, baixa a escada, eu entro! E sou muito fiel ao que eu sinto. Eu nunca temi. Mas sempre
com responsabilidade! Não é porque eu sentia de fazer tal coisa que ia largar o
meu emprego e ser irresponsável, não! Eu sempre atendi a minha intuição, mas
com responsabilidade, com discernimento. Não era fantasia, era ouvir mesmo a
sua alma, sabe? Nisso eu fui bem treinada, porque é dessa forma que a gente
trabalha com Biodança. Então eu falo que eu tenho um bom treino nisso, em me
escutar.
Eu vim para cá e fiquei trabalhando com Biodança, mas muito
pouco. Sempre nessa inquietude, né? E conheci, digamos, a Índia entre aspas,
aqui em São Paulo. Até que fui para a Índia mesmo. A última vez que eu fiz
Biodança foi em outubro de 2008, em novembro viajei para a Índia e nunca mais
voltei pra Biodança.
NA INDIA PERCEBI QUE ME SENTI EM CASA COMO NO NORDESTE
Fui de novo em janeiro de 2009 e passei um mês lá. Quando
cheguei na Índia percebi que me senti em casa – muito em casa! Não aqui em São
Paulo, mas lá na minha região, sabe? Muito em casa como no Nordeste! Agora, foi
uma coisa interessante, porque antes eu nunca tive essa ligação com a Índia, as
únicas coisas que eu gostava de lá eram as roupas.
Hoje eu vou para Índia por causa do Swami Nardanand. Eu falo para ele que se em algum
momento ele não estiver mais na Índia eu não me vejo indo para lá. Então eu
acho que fui lá para fazer meu sadhana, né? Mas na primeira vez, quando eu
cheguei lá pensei: “Um mês é muito pouco. A próxima vez que eu vier aqui eu vou
ficar a temporada inteira. ” Fui em janeiro, depois em novembro de novo e aí
conheci o Swami Nardanand em Rishikesh.
O PRIMEIRO GURU É A MÃE
A primeira vez fui com um grupo brasileiro, insegura por
causa do idioma, mas da outra já fui com autoconfiança. Pensei: “Agora eu quero
ficar com os indianos, não quero mais ficar com brasileiros porque eu quero
conhecer as entranhas da Índia. ” E queria conhecer o feminino indiano, sabe?
Porque eu era muito rebelde, entendia toda a relação da minha mãe com o pai
como submissão, mas hoje acho que não tem nada a ver com submissão, é outra
coisa. Queria conhecer aquela, entre aspas, submissão que vejo nas mulheres
indianas, precisava entender isso. Fui viajar com um amigo indiano e o
motorista do carro, indiano também. Então, eram dois homens e eu. Quer dizer,
para esses dois homens eu não existia! Lidar com isso foi muito duro.
Mas tive a minha experiência e entendi que a Índia é o país
da devoção, realmente. Tem gente que diz: “Esse povo aqui não trabalha, não? Só
faz rezar? ” Do mesmo jeito que o brasileiro só pensa em outras coisas, eles só
pensam em devotar-se a Deus. O primeiro guru deles é a mãe, tanto dos meninos
como das meninas. Então a mulher é uma coisa sagrada. Foi tudo o oposto do que
eu achava, porque agora eu via a sacralização disso.
O SISTEMA BIODANÇA ME SALVOU A VIDA E O SISTEMA SHAKTIPAT ME
SALVOU A EXISTÊNCIA
Antes de viajar eu tinha conhecido Swami Nardanand, que me
convidou para ir ao Ashran dele, que fica no meio da Índia. Aí eu viajei e
quando o encontrei de novo, meu outro mestre, o Rolando Toro (criador da
Biodança), tinha desencarnado fazia três meses. Então toda a minha energia que
estava focada na consciência humana pela Biodança continuou na consciência
humana, mas agora com o sistema Shaktipat.
E as pessoas perguntam: “Ah, você mudou de caminho? ” Eu
digo: “Não, eu não posso mudar de caminho. O caminho é meu! Como é que eu posso
mudar de caminho? É sempre “o meu caminho”. Não tem outro! Eu posso dizer que
eu mudei de vagão de trem. Aí, sim! Eu estou no vagão cor de rosa e agora eu
estou no vagão laranja, sei lá! Não são as coisas que você tem que é um
caminho. Eu falo que o Rolando Toro, com o sistema Biodança, me salvou a vida.
E o Swami Nardanand, com o sistema Shaktipat, me salvou a existência! Porque eu
percebo coisas diferentes nessas duas expressões. A existência é eterna, e
quando encarna passa a ser vida.
FIQUEI LÁ PELA ALEGRIA DE ESTAR PERTO DO SWAMI NARDANAND
Recebi a iniciação Shaktipat na Khumba Mela (festival
religioso) de Haridwar, em março de 2010. Swami Nardanand estava acampado lá, e
quando eu voltei daquela viagem, falei: “quero ficar aqui, ver o que é. Eu vou
passar duas noites” – e fiquei dez dias. Daí voltei para o meu hotel em
Rishikesh, deixei as minhas coisas lá, paguei até o fim da temporada, e voltei
foi de vez! Depois desse acampamento eu fui para o Ashram de Swami Nardanand.
No Ashram só tinha eu de ocidental. Fiquei seis meses; adiei minha passagem de
volta e fiquei lá até o último dia do visto. O visto venceu 30 de junho, dia 30
de junho eu estava embarcando de volta.
SIMPLICIDADE E A LÓGICA DO SENTIR
Aventura? Eu não sei se eu considero isso como aventura. Não
tem nome para isso! Volto a falar, o avião passa, baixa a escada, abre a porta,
ou você sobe ou não sobe. Fiquei lá pela alegria de estar perto do Swami
Nardanand. O que me atraiu foi ele, nada mais!
As pessoas me perguntavam: “Mas por que, ele é um iluminado?
” Respondo que não sei, não me interessa saber, e nem é isso o importante para
mim. O que importa é o que eu sinto na presença dele. O que é que fisgou? Por
que ele me fisgou? A simplicidade. Ele tem simplicidade no pensar, ele tem
simplicidade emocional, tem simplicidade de vida. Eu sempre o vi sempre feliz,
em qualquer lugar. Eu lembro que eu chorava muito na minha barraca. Por quê?
Porque eu estava percebendo o quanto eu era simples! E alegria mesmo é
simplicidade.
Swami Nardanand tem a lógica do sentir. Tanto que quando
pergunto para ele; “Como é que você quer que eu faça tal coisa? ” Ele responde:
“Como você sentir. ” Ele não diz: “Como você pensar. Como você achar. ” É “Como
você sentir. ” Por exemplo: “Onde eu ponho essa barraca? Eu armo onde? ” “Onde
você sentir. ” Percebe? Não tem tanto pensamento. É feeling. Acho que em inglês
a palavra feeling é mais profunda do que sentir, né?
SANTA IGNORÂNCIA
Quando voltei para o Brasil já estava definido que ele ia
vir para cá em dois meses. Então, quando cheguei fui estudar no site para poder
fazer a promoção do evento com ele, porque até então eu nunca tinha lido nada
sobre isso. Eu fazia perguntas para uma amiga que conheci lá, que hoje é
diretora cultural da Siddha Maha Yoga do Brasil, e ela dizia: “Santa
ignorância! Santa Ignorância! ” Eu não sabia nada! Quando fui estudar o site
dele, eu disse: “Jesus Cristo! Deus realmente protege os bêbados e os
inocentes! ”
Mas eu não tinha nenhuma necessidade de saber mais do que eu
estava experimentando, entendeu? Porque se eu tivesse tido essa informação…. Eu
não sei porque não dá para dizer, mas talvez eu não tivesse bancado o
compromisso, a responsabilidade, sabe? Porque ia ficar pesado para mim. Como eu
só soube aqui e o negócio já estava rolando, falei: “Bom, realmente Deus
protege os santos e inocentes.
MATURIDADE DA CONSCIÊNCIA
Eu senti despertar em mim muitas coisas novas, e até hoje
sinto. Faz sete anos! Esse é um processo de evolução impressionante a respeito
de mim mesma, do meu mundo interno, de quem sou eu de verdade. E na hora que
percebo quem sou eu de verdade, muita ficha cai. E você vê o mundo diferente,
obviamente. Você vê as pessoas de um jeito diferente, as relações ficam
diferentes. Então é amadurecimento. Não tem outra palavra.
Com seis meses uma criança gosta de uns brinquedos, com dois
anos ela já gosta de outros, com dez ela já gosta de outros, adolescente já
gosta de outros, o jovem de outros, e na minha idade o interesse é em outras
coisas. E assim é a nossa alma. É uma questão de maturidade – mas não é
maturidade do corpo, é maturidade da consciência.
Eu sinto fisicamente essa Shakti. Faço meditação
diariamente, faz sete anos. Tem dias que faço mais horas, tem dias que eu faço
menos. Estou em todos os retiros no Brasil, vou para o Ashram da Índia e em
Natal a gente medita muito mais.
E não dependo nem do guru para meditar. O que é que acontece
no processo? A gente vai descobrindo o nosso próprio guru. Você já ouviu a
frase “Só um santo reconhece outro? ” Ou então “Só um louco reconhece outro? ”
Pois “Só um guru reconhece outro. ” O que é um guru? ” Um guru é levar da treva
a luz. O que significa gu-ru? É isso: dar a treva a luz. Na hora que a gente
vai nos conduzindo da treva a luz, nós somos o nosso guru. Shaktipat dá
autonomia, liberdade, independência e força. Porque quanto mais você é
autônomo, independente e livre, mais forte você é. Depois disso, você pode
ajudar o vizinho, o irmão, o pai, a mãe, o filho, a filha. Mas primeiro a gente
tem que sair das trevas para a luz, senão isso não é verdadeiro. Como vai
ajudar alguém, se você não conseguiu se ajudar?
ANIVERSARIO COM ALMOÇO PARA 400 SANTOS
Swami Nardanand diz que eu tenho muito bom carma porque eu o
encontrei cedo. Eu comemorei os meus 50 anos lá em Haridwar, quando recebi
Shaktipat. E ele deu uma festa com 400 sadhus (renunciantes religiosos) para
mim. Quatrocentos santos! Eu nunca vivi um dia de aniversário como aquele na
minha vida. O nível de vibração era altíssimo!
Por que ele acha que 50 anos foi cedo? Porque a filosofia
vedanta divide a vida em quatro etapas: de 0 a 25, de 25 a 50, 50 a 75, 75 a
100. De 0 a 25 você está aprendendo, é a época da educação, faculdade, etc. Dos
25 aos 50 você vai construir a sua vida familiar, profissional. Dos 50 aos 75,
você introverte a consciência. Você começa a olhar para si, e dos 75 você abre
mão de tudo e se rende ao maior. Entendi então porque foi cedo e realmente acho
que tenho mesmo um bom carma. Tenho uma família que não me cobra nada, ao
contrário, não só aceitam como me apoiam, me dão suporte. Todos receberam
Shaktipat. Todos que quiseram, né? A oportunidade foi dada a todos.
SE FOR PENSAR NAS DIFICULDADES, EU NÃO SAIO DO CANTO
A vida me proporcionou coisas maravilhosas, sabe? Também
muita dureza e lágrima de sangue, como se diz. Sempre como mulher. Mas acho que
minha maior tarefa nessa vida era vim num corpo feminino e descobrir a minha
origem divina num corpo feminino. Porque eu acho que eu vim (em outras
encarnações) muitas vezes como homens – tanto que eu tenho uma força muito
yang, muito de ação, muito determinante. Acho que eu fui até bandeirante! Eu
sou pioneira, tenho vários exemplos de pioneirismo. Eu levei a Biodança para
Natal, construí a Biodança lá, inaugurei espaços de Biodança no mundo inteiro.
As pessoas falam: “E você não colhe o fruto? ” Eu digo: “Pois não é
interessante? Eu nunca colho os frutos. ”
Enfim, brincadeira, né? Mas acho que tenho essa energia
desses desbravadores, e sinto a potência para fazer isso, a maior disposição.
As dificuldades são outras. Mas se for pensar nas dificuldades que a gente tem,
como na construção do Ashram em Natal, eu não saio do canto. E não penso; vai
acontecendo, eu vou seguindo. Respondendo à intuição, dizendo sim para a
intuição. Prefiro me arrepender do que eu fiz do que o que eu não fiz, sabe?
Mas sempre fiz tudo com muita consciência. Paguei caro! Até hoje eu falo que
para estar com o Swami Nardanand eu pago muito caro! Eu pago qualquer preço, na
verdade, para estar com ele!
ASHRAM EM NATAL
Em 2010 eu trouxe o Swami Nardanand para conhecer o Brasil,
sentir as pessoas, etc. Ele ficou três meses e fez uma série de tratamentos
dentários, porque nunca tinha ido ao dentista, é um homem caverneiro… E daí
saímos pelo Brasil todo – norte, sul, leste e oeste – para ele conhecer de Foz
do Iguaçu ao rio Amazonas. Fizemos workshops de Ayurveda e de meditação ao
nascer do sol, mas não teve Shaktipat porque ele não quis. Em 2011 ele veio
para dar Shaktipat no Brasil todo. Aí a gente já estava com um programa. Mas no começo fui eu e Deus, né?
Sozinha. Fui organizando todos os anos essa vinda dele para cá, e ia para a
Índia também.
Como tinha uma reserva financeira, comprei 10 hectares de
terreno a 13quilômetros de Natal e doei para a sede de nossa organização. Já
está construído em parte. É um projeto para a vida toda, uma coisa muito
grande. O domo, que é a cúpula de meditação, é o único que está 100% pronto,
porque a gente priorizou isso para as pessoas poderem dar continuidade no grupo
de Natal. Tem dormitórios para quatro pessoas cada, com banheiro próprio. Uma
cozinha está sendo feita e o refeitório fica num outro prédio. E plantamos mais
de 500 mudas.
Dá para ficar hospedada em Natal e ir lá. Há uma
comunidadezinha chamada Pium que fica a três, quatro quilômetros e tem
pousadas. Mas quem vai também pode ficar no Ashram, já tem gente que se hospeda
lá nos retiros.
IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS
Com esse sistema, depois do Swami Nardanand, o que mais
mudou em mim foi meu interesse em ir para dentro. Ou o outro lado da moeda: o
desinteresse pelo que está fora. Porque essa é a nossa meta: Deus criou a gente
para sermos plenos como Ele! Como é que diz a Bíblia? Imagem e semelhança de
Deus.
Não é ser igual no olho, nariz, cabelo como as religiões
mostram. É ser um oceano. Uma gota do oceano não é o próprio oceano? A onda não
é o oceano? A onda pensa que ela é separada do oceano? A nossa individualidade
é a onda, que se quebra e morre. Pensa que morre. Então o que se transforma,
que na verdade nem morre, é esse corpo, que vai tendo o ciclo dele. O que é o
corpo? É energia. Você chega no átomo e por trás está a energia. Essa energia é
que é a unidade, a totalidade que é Deus.
Olha, eu vou dar um exemplo. Onde o Ganges nasce a água é pura e cristalina. Passando
pelas cidades esse líquido vai sendo poluído, mas não a água do rio, que
continua sendo H2O. O resto é o que contém as impurezas das cidades e das
indústrias. Nós somos assim. Na origem somos água pura e cristalina que nem o
Ganges, não H2O mas divindade, energia divina pura e cristalina. Ou seja, nossa
natureza original. Aí vamos crescendo, aprendendo a viver nesse mundo, vamos
absorvendo e tendo samskaras (informações) e junto com elas vem as impurezas do
medo, da ganância, do apego, do ódio, da raiva, ciúme, inveja.
A informação que a gente pode chamar dos bons samskaras é
preciosa, serve para a evolução, e as más samskaras são as que impedem a
evolução. Se a gente não se ilumina nessa vida é porque não nos dedicamos como
devemos, a começar pelo coração se abrindo e se entregando. Mas na próxima
encarnação a gente nasce num lugar mais favorável para isso porque Sakti, a
natureza divina original, esse H2O lá da origem, não vai sossegar até a pessoa
se iluminar.