8 de fev. de 2012

Shri Yantra, louvor à Mãe

O Shri Chakra (Shri Yantra) pode ser definido como a representação geométrica do universo em 43 triângulos. É o srshtikrama (o impulso criador), o vir a ser desse universo a partir de um único ponto de consciência pura chamado bindu, expandindo-se para fora, formando o primeiro triângulo e a partir daí toda criação. Mesmo antes do bindu ou além do começo da criação, quando tudo é puro, consciência Shiva não manifestada, eternamente em repouso, havia o menos, indetectável estímulo da força cósmica para juntá-lo em um ponto, sendo assim possível manifestar-se nessa criação. Isso é o Mahaspanda, vibração
primordial, que se tornou causa sem causa, o Adi (primeiro), o Para (o além), o Shakti (boa energia), o ponto no qual o começo dos movimentos e dinamismo foi testemunhado. Qualquer coisa que dê à luz, traga à tona, é a Mãe. Esse Mahaspanda trabalhou a si próprio como tangível, entidade pulsante do cosmos, preenchendo toda criação com força de vida, tornando-se assim a Mãe. É por isso que o primeiro dos 1000 nomes de Lalita, cantado em louvor a esse Mahaspanda, a descreve como a Mãe, atribuindo feminilidade a esse movimento primordial dinâmico, por outro lado tranquilo, energia não-polar que foi antes desse primeiro estímulo que ocorreu nele mesmo.

O universo portanto é um bindu e toda existência inerente não manifestada, pronta para explodir em existência física. A sequência na qual essa explosão ocorre é representada pelo Shri Chakra. Há muitos níveis nos quais a criação foi expressa. Do mais sutil aos níveis mais grosseiros e finalmente ao mais grosseiro nível físico de manifestação, conhecido como esse mundo. E o mundo inteiro está permeado por essa força vital, conhecida como energia dinâmica.

Ela inspira o mundo criado e o move. Sem isso o mundo seria sem vida. É por isso que essa energia dinâmica é mostrada no topo de um prostrado Shiva, que poderia ser inanimado, não ciente do próprio ser consciente, a menos que ele fosse impregnado por essa força dinâmica. Ela é muito sutil e somente pode ser descoberta por olhos perspicazes.

No Devi Kavacam, é dito que Camunda é Shava Vahana. Ela se utiliza de um corpo sem vida como veículo, significando que ela é a própria energia da vida. Onde quer que haja vida, ela está presente, sendo a vida. Se ela se separa de qualquer partícula do universo, esta cessa sua existência. Reconhecê-la, saber e a perceber como o mundo físico e também a essência permeando todo o mundo físico criado, compreendendo que Ela é tudo, que não há nada mais senão Ela, é o objetivo final de todos os sadhanas. Ela declarou no Devi Mahatmya: “Saiba que você é Ela, que não há diferença entre nós dois e você deverá se perceber como você mesmo”. Essa percepção do SER não sendo separado do ser é o Shri Chakra Sadhana (o culto do Shri Yantra).

Ela enfim é reconhecida no interior do ser e então se torna um segredo, conhecido somente por aquele que se internalizou completamente. Ela foi imortalizada, continuamente elogiada nos Vedas, nos Shastras, Rhisis, e permanece inatingível, desconhecida e incompreensível até que a pessoa internalize todos os seus sentidos, sua mente, poder de discernimento, ego e consciência. E então finalmente Ela é vista em todo seu esplendor, radiância, em toda sua magnificência e sabe que ele é Ela.